domingo, janeiro 21, 2007

IRMÃOS MORENO , RAÇA , MUITA FORÇA E BOA EDUCAÇÃO .




O FighteCia trás para vocês uma entrevista com os irmãos Morenos , 2 dos maiores competidores do Jiujitsu desportivo . Claudio e Felipe são unãnimidade entre o meio das lutas e em especial do Jiujitsu . José Mário Sperry , Mestre Paquetá , Bruno Bastos , Carlão Barreto , e muitos outros grandes lutadores e professores apontam a raça , a força e a bôa educação dos irmãos Moreno como algo fora do comum. Claudio e Felipe são exemplos a serem seguidos , ambos com um vasto curriculo prestado ao Jiujitsu sem nunca ter dado os braços ao grande mal que assola essa nova geração ; a marra ! Abaixo você confere uma entrevista com os irmãos , que entre outras revelações mandam avisar ; estarão de volta às competições !!!


*Quando vc começou no Jiujitsu ?
Claudio- Final de 1991
Felipe- Início de 1992

*No inicio , quem eram os seus referênciais e ìdolos ?
Claudio- Rickson, Royler, Fabio Gurgel, Claudio França, Marcus Vinicius, Wallid Ismail, Alexandre Paiva, Roberto Traven, Leo Castelo Branco, Roleta, Brigadeiro, Zé Mario, Murilo Bustamante, Amaury Biteti, Flavio Canto (judô), Aurélio Miguel e outros...
Felipe- Foram muitos, mas me espelhei bastante na imagem de mestre do Cláudio França, Marcus Vinicius, Brigadeiro e posteriormente Alexandre Paiva, Fábio Gurgel, Roberto Traven entre muitos outros. Acho que cada um possuía uma parte do que ambicionava alcançar como pessoa e como lutador.

*Dentro da academia , no decorrer do treino ou mesmo extra treino , contenos um fato que marcou na vida de lutador e ser humano de vcs ?
Claudio- Dentro da academia, foram inumeros fatos que marcam nossa vida de lutador, mas as que mais marcaram com certeza foram as histórias e contos do Malibu. Outra figura marcante foi o Maurição Behring ( ex dono da Hunter) que foi um dos meus patrocinadores.
Felipe- O que vivi durante todos esses anos treinando jiu-jitsu foi praticamente um vida. Foram cenas memoráveis de pessoas inesquecíveis que sem dúvidas jamais vou esquecer. Desde as cenas cômicas do Malibu, Vicking e muitos outros até momentos de ensinamento aprendidos com dor, sofrimento e o gosto amargo da derrota. A amizade que se criou durante esses anos será sempre forte, pois foram momentos de cumplicidade.

*Dentre tantas competições , que conquista ou fato mais marcou ?
Claudio- Todos os mundiais foram muito especiais, mesmo ficando em segundo lugar ou fora do pódio na faixa preta, quando lutei com algumas pessoas que inspiravam o meu Jiu-Jitsu como Zé Mario, Murilo Bustamonte , Roleta e Nino Shembri. Outro fato marcante é ter lutado contra o Fábio Gurgel em São Paulo, com temperatura de 6 graus em um campeonato interno da Alliance, onde eu ainda era faixa marrom. Apesar de ter sido derrotado com um arm lock, foi muito marcante, por ser um ídolo e para mostrar que ainda tinha muito chão pela frente para aprender.
Felipe- Minha trajetória como lutador foi marcada por momentos em que me desafiava constantemente. Tive que vencer aquele medo que existe ao entrar a primeira vez no tatame, e a cada luta eu superava mais uma barreira que havia criado dentro de minha cabeça. Sempre encarava a competição como uma forma de me testar e de certa forma me divertir, pois com o tempo fui me tornando extremamente competitivo e a adrenalina da competição vira um vício. Várias lutas e fatos marcaram minha trajetória em competições. Como derrotas que também representam linhas de qualquer livro da vida, eu também fui marcado por uma derrota que me fez aprender. Como uma derrota marcante, foi na faixa roxa, quando estava me achando invencível, treinando super bem na academia, e nunca tinha sido finalizado em campeonato. Entrei pra lutar, e na minha primeira luta lutei contra um cara da Carlson que era muito forte. Trocamos muita força e acabei vencendo. Na minha próxima luta, lutei com o Gabriel Napão. Entrei na luta displicente e a luta terminou com um justo armlock encaixado, que eu não bati. Resultado: a luta foi interrompida, eu fui finalizado e fiquei 2 meses com o braço enfaixado. Após essa luta, muita coisa mudou e sem dúvidas foi muito importante para minha evolução como lutador e pessoa. Em outros momentos marcantes, destacaria minha luta na faixa marrom contra o Marcel Ferreira, também da Carlson. Marcel havia vencido meu irmão na arena de copacabana dois dias antes da luta, e um dia antes desta luta ele me venceu em uma luta parelha por 2 x 0. Entrei para lutar com ele com o coração, esquecendo qualquer tipo de estratégia. Sei que não é a melhor forma de lutar, mas foi a forma que encontrei de vencê-lo por larga vantagem de pontos. Nesse mesmo dia ele recebeu a faixa preta das mãos do Carlson Gracie, que me parabenizou por ter anulado o jogo dele, que era muito estratégico e preciso, com a famosa raspagem joga fora no lixo. Outra luta marcante foi contra o Minotouro, no Brasileiro, em que perdi na final (2 x 0) em uma luta super parelha. O fato é que eu estava pesando 91kg e entrei para lutar no Super Pesado, pois não queria ter que disputar vaga com o Rodrigo Cumprido, excelente competidor que na época lutava pela Alliance. Antes de chegar ao Minotouro eu lutei contra o Everaldo Penca e o Cláudio Godoy. Encaro como a verdadeira vitória é poder lutar com caras mais pesados e me sair bem. Como outra recordação, lembro da Luta contra o Ricardo Arona, no mundial na faixa preta. O Arona vinha de uma vitória em Abu Dhabi e na ponta dos cascos. Antes de lutar com o Arona nas quartas, fiz uma duríssima luta com o Murilo Rupp, também da BTT. A Luta com o Arona foi muito dura e terminou em 0 x 0 e 0 x 0 em vantagens. Ele foi considerado o vencedor, apesar de não ter ocorrido pontaução. Considero marcante o fato de eu ter usado pura estratégia para compensar o vigor físico do Arona. Foi uma luta muito marcante.

*Qual a grande diferença que vcs vêem no Jiujitsu de hoje para o que vcs praticavam ?
Claudio- Hoje não vejo muita diferença do Jiu-Jitsu de 1998 quando peguei a faixa preta e nos próximos anos, mas uma grande diferença que vejo é que todos os atletas estão preocupados com a preparaçào física, coisa que não era muito comum há alguns anos atrás.
Felipe- Como qualquer esporte que evolui, o jiu-jitsu busca cada vez mais a profissionalização. Atualmente ainda treino, e vejo que a nova geração tem um perfil diferente da minha geração. Atualmente há grande preocupação com a preparação física e os atletas estão cada vez mais atletas. A Dinâmica das lutas mudou, e as lutas são mais orientadas ao físico do que a técnica. Quando competia, via que muitos competidores não eram atletas, e a competição , como não havia esse diferencial físico, se dava justamente na técnica de cada lutador e na busca por alternativas para superar o adversário. Com a evolução, os lutadores tornaram-se mais atletas, e consequentemente a técnica que utilizam usufruem justamente dessa evolução física, portanto muitas delas, como raspagem, finalizações e etc são feitas em função deste vigor físico. O jiu-jitsu, com isso, fica mais bonito de ser ver, para o público final, pois assemelha-se mais a competições de Judô, onde há muita dinâmica. Por outro lado, alguns atletas acabam deixando de buscar o refinamento técnico pois não possuem um fator que é importante, que é a ausência de algo (vigor físico) para buscar soluções alternativas.

*Pediria que vcs citassem cada um , 3 nomes do Jiujitsu da época de vcs e 3 nomes do Jiujitsu atual que vcs admiram pela técnica ou por algum outro adjetivo.
Claudio- Da minha época, Wallid (Raça) , Roleta (Técnica) e Nino Schembri (Técnica de finalização)
Felipe- Epoca: Nino (técnica diferenciada) , Saulo (estratégia) e Alexandre Paiva (técnica) Atual: Xande Ribeiro, Roger Gracie e Jacaré (técnica, vigor físico, estratégia e precisão)

*Quais foram seus adversários mais duros ?
Claudio- Nino, Ze Mario, Murilo Bustamonte, Renato Ferro, Victor Dória, Roleta...
Felipe- Gabriel Napão, Café, Arona, Minotouro, Murilo Rupp, Boi.

*O que os irmãos Moreno fazem hoje em dia , após se afastarem das competições de Jiujitsu ?
Claudio- Hoje estou trabalhando com Comércio Exterior ( Importação / Exportação), estou com um projeto de um website de lutas (MMA etc) e pretendo voltar a competir em 2007.
Felipe- Atualmente sou empresário do Ramo de TI (tecnologia da informação). Além disso estou também envolvido em um projeto invodador relacionado a MMA. Estou treinando jiu-jitsu no Ratinho.

*Nomes como Léo Santos , Bruno Bastos , José Mario Sperry , entre tantos outros apontam os irmãos Moreno como grandes lutadores; ainda teremos a chance de vê-los atuando quem sabe no Internacional de Master ou em outra competição qualquer ?
Claudio- Com certeza.
Felipe- Estarei voltando a competir em 2007. Gosto da adrenalina e pra mim sempre será uma diversão e uma forma de me testar.

*Gostaria que vcs deixassem uma mensagem para o FighteCia e para toda essa rapaziada que sonha em fazer uma carreira dentro do Jiujitsu desportivo.
Claudio- Para a galera que quer fazer uma carreira dentro do Jiu-Jitsu, além de ter uma vida saudável, evitar brigas que manchem o esporte, ter muita dedicação e lutar pela profissionalização deste esporte, primeiramente lutando para que ele seja reconhecido como esporte olímpico, assim como foi feito com o Judô, ajudar na divulgação mundial do esporte e na valorização dos profissionais, atletas, árbritos, professores, instrutores. No Japão, o governo paga para os lutadores de Judô serem profissionais e eles são os melhores do mundo, isso foi conseguido com muita luta, disciplina e dedicação ao esporte, talvez este seja um caminho que o Jiu-Jitsu deva seguir, lembrando ainda que o Jiu-Jitsu que originou o Judô...
Felipe- O Jiu-jitsu entrou em minha vida e pretendo praticar até onde meu corpo aguentar. A luta me trouxe muitos benefícios, como perder uma asma psicológica que eu tinha, me fez enfrentar os meus medos e me fez encarar a vida com garra, persistencia e disciplina. A filosofia da luta faz parte do meu dia a dia e me ajuda a enfrentar cada problema no meu trabalho ou vida pessoal. Não tenho dúvidas que, se a filosofia for bem passada e ensinada, há muito o que se beneficiar. Nunca briguei na rua e sempre resolvi problemas e conflitos conversando e dialogando, com paciência e auto-controle. E é essa filosofia que acho que todos que queiram praticar qualquer luta devem buscar. Não olhar a luta apenas como um esporte, mas agarrar e respirar a filosofia por trás de cada ensinamento. A luta é fantástica, os desafios são infindáveis e além de divertir, ensina. Fazer uma carreira desportiva no Jiu-jitsu é mais uma opção que a luta oferece.

É papai , então já sabe , em 2.007 corre o risco dessas 2 "dôres de cabeça" estarem à sua frente em alguma competição ...ta avisado !

Olivar Leite.

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